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terça-feira, 11 de outubro de 2011
Periferias são um desafio para a reabilitação urbana
Nos últimos 40 anos, 80% dos edifícios foram construídos nos arredores das cidades. É para aí que deve ser orientado o esforço da recuperação urbana, defende João Belo Rodeia.
Quando se fala em reabilitação urbana pensa-se quase sempre no centro das cidades. Mas o maior desafio encontra-se nas periferias, áreas onde se concentra 80% do parque edificado e onde vive a esmagadora maioria da população portuguesa. "As periferias precisam quase todas de requalificação, são locais onde a construção foi de má qualidade na maior parte dos casos, onde as questões ambientais são débeis e onde se concentram os maiores problemas sociais", adverte João Belo Rodeia, presidente da Ordem dos Arquitectos, em entrevista ao Diário Económico.
Nos últimos 40 anos, os arredores das grandes cidades foram o campo de actuação de promotores imobiliários e construtores civis. Agora, João Belo Rodeia gostaria que as periferias não fossem esquecidas pelos mesmos agentes. Mas o arquitecto não tem ilusões: "As periferias são pouco atraentes para os promotores imobiliários, que preferem os centros e bairros históricos das cidades por serem mais lucrativos". O docente universitário junta-lhe outro factor: a crise económica. "O sector da construção e do imobiliário, principalmente o primeiro, passa por grandes dificuldades e também despertou para a reabilitação urbana".
Esta espécie de popularidade associada à recuperação de prédios degradados decorre da saturação da construção nova, em particular nas zonas de expansão das cidades, mas também ao crescente investimento dirigido a essa área, sobretudo nos centros históricos.
É devido à importância crescente da recuperação que o presidente da Ordem dos Arquitectos defende a criação de um plano suficientemente abrangente que pense sobre o futuro. "Acho que deve haver um Programa Nacional de Reabilitação Urbana tão simples quanto possível que clarifique os caminhos a seguir. Há pacotes de medidas ligados ao Ministério da Economia, mas não chegam", confessa.
Estão em causa vários aspectos que confluem para o bom desempenho da reabilitação. "O problema aqui não é só de facilitar os procedimentos, financiamento, alterar a legislação, como uma nova lei dos solos. Tudo isso é importante. Mas a questão central é equacionar o modelo, a estratégia e a metodologia para essa intervenção. E sobretudo perceber o que é que se entende por reabilitação", sustenta João Belo Rodeia. E acrescenta: "Uma coisa é reabilitar no centro histórico, outra coisa é na periferia. Tem de haver critérios para a substituição integral do edifício no centro histórico ou para uma conservação integral. Há uma declaração dos ministros da União Europeia do ano passado ligado ao desenvolvimento territorial e urbano. Directrizes existem. Agora é preciso que não nos asfixiemos excessivamente com a crise e que pensemos nos problemas".
No entender de João Belo Rodeia, actual docente da Universidade de Évora, os 40 anos que levaram a construir as novas periferias será o mesmo prazo para resolver os problemas da degradação do parque edificado.
Bom e mau urbanismo
A harmonia de Alvalade
O bairro de Alvalade, em Lisboa, do arquitecto Faria da Costa construído nos anos 40, é um loteamento harmonioso, diz João Rodeia.
A cidade do IC-19
O IC-19 "é uma cidade linear que vai criando saídas como se fosse uma serpente", que para o arquitecto peca na vertente da integração social.
Fonte: Económico
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Etiquetas:
Arquitectura,
reabilitação,
Urbanismo
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