quinta-feira, 31 de março de 2011

Pritzker 2011 - O que diz Souto de Moura e o que diz o mundo

Souto de Moura a propósito do Pritzker 2011


 - "Quando recebi a chamada a dizer que eu seria laureado com o Pritzker, eu nem queria acreditar. Depois recebi a confirmação que era mesmo verdade, e então percebi a grande honra que é. O facto de ser a segunda vez que um arquitecto português é escolhido torna isto ainda mais importante”.

- “Um edifício em cujo interior as pessoas morrem de calor, por mais elegante que seja, é um fracasso. Não se pode aplaudir um edifício apenas porque é sustentável. Seria como aplaudi-lo porque se aguenta”.

- (a arquitectura)“Não é uma musa que me aparece. É um conjunto de factores que são aparentemente incompatíveis, estão num caos: o terreno, o orçamento, os clientes. E depois é um trabalho em que se vai tentar conciliar e ver quem ganha. É um combate».

- «Eu comparo o combate a um jogo japonês, o sumo (eu também sou robusto), a técnica não é derrubar o factor adverso, não é tentar impormo-nos a ele. Ele cai pela sua própria força”.

- «A arquitectura tem que ser lenta. Um bocado como a gastronomia, tem que ser em lume brando, se não queima ou fica cru por dentro. A arquitectura é um modo de vida, não é uma profissão, é uma decisão que nós tomamos de viver assim».

- “O meu sonho é acabar as obras que tenho por acabar em Portugal”.

- "Aconselho os jovens arquitectos a emigrar porque não vejo perspectivas de trabalho em Portugal. 

Há arquitectos a mais e, com o número de licenciados que vão saindo, as portas começam a fechar-se. Sendo realista e dando um conselho, aqui não vai ser possível fazer Arquitectura. Há muitos países que precisam de arquitectos, como o Brasil e a Suíça".

O que dizem os outros sobre o Pritzker 2011

- “Souto de Moura, el genio de la arquitectura sostenible” (título 20 Minutos.es)


- “The designation of this mid-career architect confirms the Pritzker's commitment to the more subtle values of craft, local scale, and sensibility over architectural extravagance in recent years” (Architectural Record)

- «Souto Moura é considerado, a par de Siza Vieira, um dos nomes mais representativos da corrente de arquitectura contemporânea que acabou por ficar conhecida como Escola do Porto, devido à forte influência nela exercida por professores e estudantes da antiga Escola de Belas Artes do Porto, antecessora das faculdades de Belas Artes e Arquitectura da Universidade do Porto» (TSF).

- “The 2011 Pritzker Architecture Prize goes to Eduardo Souto de Moura, a Portuguese architect who blends modernism with tradition and history. Souto de Moura, 58, has built mostly in his home country and was previously not well-known in the United States” (NPR)

- “Unlike most of his Pritzker predecessors, Souto de Moura is a virtual nobody outside the rarefied world of haute architecture”. (Fast Company)

- “Taken on its own, the award seems most clearly to honor Souto de Moura's unwavering commitment over the course of his career to a tough, muscular brand of Minimalist architecture” (LATimes)

- “O Prémio Pritzker 2011 é o novo Mies van der Rohe, capaz de utilizar uma pedra com mil anos ou inspirar-se nos detalhes modernos”. (Inhabitat)

- “No ano em que comemora o seu centenário, a Universidade do Porto torna-se assim a primeira instituição de ensino superior a contar entre os seus quadros de professores e antigos estudantes com dois premiados por um dos mais importantes galardões internacionais”. (Universia)

- «Não sabemos como é que as agências de rating irão reagir a este prémio”. (Jorge Figueira ao Público)

- “Souto de Moura’s work is sort of more grounded in a way. His buildings have very strong presence as works, but they haven’t been thought out as images from the beginning. They have their character coming from the way in which they have been developed as structures.” (Kenneth B. Frampton ao NYT)

- “A este lisboeta formado para combater a Escola do Porto, não lhe resta muito mais do que afirmar a sua excepcionalidade na arte de se continuar a recriar, produzindo profissionais para o mundo a um nível apenas equiparável, em Portugal, às escolas do Sporting dos anos 80/90 com Figo, Simão, Nani ou Cristiano Ronaldo - com a vantagem do elo escola-profissão nunca se ter quebrado” (Tiago Mota Saraiva/Ateliermob)

- “Souto de Moura sostiene que la coexistencia de lo natural con las construcciones de las que es capaz el hombre constituye la gran arquitectura, por eso explicaba que le pareció un "drama" tener que perforar la montaña anexa al estadio de Braga para obtener piedra”. (El Periódico, extremadura)

- “Eduardo Souto de Moura faz parte desse star-system mundial dos edifícios de autor e confunde-se, também aqui, com a história do país a várias velocidades dos últimos anos, em que fomos capazes de estar no topo da modernidade em muitos sectores, enquanto noutros procuramos caminhos de sobrevivência” (Manuel Queiroz no I).

- “Quero dar ao arquitecto Souto Moura os parabéns em nome da Ordem e em meu nome pessoal. É uma honra e um estímulo para a arquitectura portuguesa. É uma notícia extraordinária. Não há nenhuma área em Portugal, da ciência ou da cultura, em que tenhamos tido tão amplo reconhecimento internacional como a arquitectura. Devemos reflectir sobre isso e saber aproveitar, para o bem de todos. E este reconhecimento deve-se tão só ao mérito dos arquitectos, porque nunca houve grandes apoios ou uma estratégia concertada do Estado para promover a arquitectura portuguesa.” (João Rodeia, presidente da Ordem dos Arquitectos)

- "Souto Moura é autor de importantes obras reconhecidas quer no nosso País, quer internacionalmente, fazendo parte do grupo de arquitectos que mais têm contribuído para a afirmação da arquitectura portuguesa contemporânea. Quero, por isso, apresentar-lhe, em meu nome pessoal e dos Portugueses, sinceros parabéns por esta distinção que tanto honra Portugal." (Aníbal Cavaco Silva, Presidente da Republica)

- "A distinção agora atribuída ao arquitecto portuense sublinha e homenageia a singularidade da sua intervenção artística, a consistência das suas criações e a qualidade de uma assinatura muito própria, consolidada a nível nacional e internacional ao longo de três décadas, que muito enobrece a arquitectura contemporânea portuguesa e eleva a nossa cultura ao mais alto patamar internacional. Trata-se, ainda, de um reconhecimento que se espera venha a contribuir não apenas para inspirar novas gerações de jovens arquitectos, mas também para estimular o interesse de mais concidadãos pela arquitectura portuguesa." (Ministra da Cultura e o Secretário de Estado da Cultura)

- “Era mais do que justo e é uma grande alegria. A sua obra é de um grande rigor, de uma grande exigência. Não conheço nenhuma obra descuidada. Há sempre grande atenção à inserção de cada obra que faz. Não são peças isoladas e fazem parte de um tecido. É uma arquitectura que tem passado e anúncios de futuro.” (Siza Vieira, arquitecto, Prémio Pritzker 1992)

- "É um momento magnífico e absolutamente justo. A obra de Eduardo Souto Moura é muito especial e única no contexto actual. É uma obra que revela um imenso talento e uma inteligência inata. Mas também um saber e uma cultura de irrepetível sensibilidade. Obra de um homem de uma ética e estética superior. (Nuno Brandão Costa, arquitecto, Prémio Secil de Arquitectura 2008)

- “É, para mim, uma grande alegria ver o Prémio Pritzker ser atribuído a Eduardo Souto Moura. É uma afirmação, para todos nós, da força do discurso da nossa querida língua portuguesa, da nossa arquitectura como discurso sobre a nossa existência nos espaços do mundo e sobre a construção da nossa cidade. É um prazer extremamente particular poder abraçar o meu querido amigo Eduardo Souto Moura.” (Paulo Mendes da Rocha, arquitecto brasileiro, Prémio Pritzker 2006)

- “É um dia grande para a arquitectura portuguesa. Foi premiado um dos seus grandes arquitectos. A sua obra é de uma coerência inegável, Souto Moura tem-se pautado por não se inscrever nas linhas mais mediáticas da arquitectura. Não segue o star system, digamos. Tem um filão muito próprio, distinguindo-se do seu mestre Siza. Isto é um sinal de que a arquitectura portuguesa está viva e que se reinventa de geração para geração. Não fica presa a nomes. Espero que não seja o último Pritzker das próximas décadas. Eventualmente vamos receber mais porque a arquitectura portuguesa tem este dom de se reinventar. É um orgulho.” (Nuno Grande, arquitecto, escreveu uma monografia sobre Souto Moura para a revista espanhola “El Croquis”)

- "A atribuição deste prémio, cujo estatuto se assemelha, no âmbito da Arquitectura, ao Nobel, é, em primeiro lugar, o justo reconhecimento de um trabalho que vem a desenvolver há anos com enorme coerência, determinação e sensibilidade. É também uma honra para a arquitectura portuguesa que, depois do mesmo prémio atribuído ao Arquitecto Álvaro Siza em 1992, um arquitecto português volte a integrar a lista que nos últimos trinta anos reúne os mais notáveis arquitectos mundiais." (José Fernando Gonçalves, arquitecto, presidente do Conselho Directivo Regional Norte da Ordem dos Arquitectos)

- “É uma honra para nós, portugueses, e para nós, arquitectos. É muito interessante que um país pequeno como Portugal consiga já contar com dois Prémios Pritzker. É sinal de um vigor da arquitectura portuguesa – e, claro, em primeiros lugar dos premiados. Estes prémios são também reflexo de uma certa maneira de pensar a arquitectura de que Souto Moura e Álvaro Siza são representantes.” (Manuel Graça Dias, arquitecto)

O estádio é um lugar único. Já tive oportunidade, como jogador e treinador, de jogar em vários estádios em todo o mundo, e não há nenhum que se lhe compare. É uma obra arrojada e de grande qualidade, que também valoriza o mundo do desporto. E dá uma grande visibilidade internacional à cidade. É um bom sítio para trabalhar. Os jogadores que vêm cá jogar é que ficam muito tempo a olhar para o ar, para os cabos que ligam os tectos das duas bancadas. Alguns tentam mesmo pontapear a bola, a ver se conseguem chegar com ela aos cabos, mas não conseguem”. (Domingos Paciência, Treinador do Sporting Clube de Braga)

Fonte: OASRS

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