quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Jaime Ouro: 'O Mercado Imobiliário em 2011'

 

Portugal é um país surpreendente em muitos aspectos, e o comportamento do seu mercado imobiliário é a prova de que ainda existem alternativas de investimento e de crescimento neste pequeno país de brandos costumes, continuando a manter-se atractivo e competitivo, apesar do peso contraditório da sua carga fiscal, da excessiva burocracia e da ineficientemente justiça portuguesa, ainda existem motivos para acreditar que somos uma porta de entrada para novas parcerias e uma via de transição entre outros mercados, sejam eles europeus, sul-americanos, africanos ou asiáticos, facilitadas por uma língua falada nos quatro cantos do mundo, que permite um melhor entendimento entre os potenciais investidores nacionais e estrangeiros.

 
Apesar do mercado imobiliário em grande parte do mundo, ser nesta altura um terreno pouco seguro, provocado em grande parte por um abaixamento do custo dos imóveis ou pelo actual procedimento do crédito bancário, Portugal sofreu de forma mais moderada com essas alterações e amadureceu as suas formas de lidar com a situação, indiciando um comportamento de alguma estabilidade e confiança.
Na realidade existem outras oportunidades de investimento, que não estão apenas dependentes do aproveitamento de especulações economicistas, flutuações dos mercados financeiros ou das estratégias comercias das agências de rating.

Financiamento.
É certo que a enorme dependência de financiamento, afecta a autonomia de funcionamento das empresas e dos consumidores, que precisam de recorrer ao crédito para poderem materializar os seus projectos, esperando-se um interesse progressivo por parte da banca para 2011, em financiar as empresas e particulares, caso as taxas mantenham a tendência baixa durante mais algum tempo.
Naturalmente serão cada vez mais refinadas as formas de financiamento, assim como a apreciação das capacidades de endividamento, baseadas em processos de análise (scoring), relações de financiamento/garantia (loan to value) e medição de taxas de esforço, num misto de variáveis de cálculo muito mais rigorosas, que assentam numa compreensível tentativa de aumentar a taxa de rentabilidade dos bancos, uma vez que a captação de recursos, se tem mostrado mais adversa.
Apesar de tudo, a situação internacional dá-nos alguns os indicadores que apontam que o pior já passou, notando-se alguma estabilização da banca. Embora a realidade portuguesa seja diferente, também a nossa banca na proporção da sua dimensão, sofreu as consequências da crise económica e da qual irá sair, embora de uma forma mais lenta, podendo por esse motivo sentir as repercussões da crise mais tardiamente.

Aumento de Taxas?
É natural que em 2011 possa haver mais algum aumento das taxas, que não deverá ser muito significativo, criando na maior parte das famílias, uma certa penalização provocada pelo aumento das prestações e uma continuada retracção da banca em geral, no concedimento de crédito, agravada pelas dificuldades autónomas de financiamento das empresas e dos consumidores.
É evidente que estamos a viver um longo e conturbado período, em parte provocada pela crise internacional, ou pelo eventual desgaste da imagem que enviamos para o exterior, tão descredibilizada pelos baixos resultados económico e financeiros, ou por tantos outros motivos que fragilizam as sociedades e os seus agentes económicos!
Mas deveremos ficar estáticos á espera que a situação melhore, navegando ao sabor da maré até aparecerem melhores ventos? Deveremos continuar a deixar-nos influenciar por balanços negativistas, de comentadores e analistas que se perdem em divagações sem propostas alternativas? Deveremos continuar a aceitar a partidarização das nossas vidas, por interesses políticos que nos vão entretendo com os casos diários de interesse mediático?

Novos Rumos.
Não foi esse o exemplo deixado pelos nossos navegadores no passado, também eles a submergir duma profunda crise económica, em que se encontrava o país nessa época! E não será a incerteza a manter-se em 2011 que nos ajudará a traçar novos rumos na direcção do progresso e da estabilidade, mas sim a aposta num trabalho de continuidade que já devia vir detrás.
Se na década de noventa passámos do apogeu do mercado imobiliário, para o progressivo declínio de alguns dos seus sectores, na primeira década do novo século, não deixa de ser curioso observar, que quando existe uma quebra de valor num nicho de mercado, logo se estão a criar oportunidades para outros mercados já existentes ou em expansão, o que nos leva a pensar no exemplo da crise dos centros comerciais e no expansionismo do comércio tradicional do último ano.

Criar Oportunidades.
Temos de perceber que as oportunidades não estão à nossa espera, temos de criá-las e nesse aspecto o ano de 2011 não nos trás novas perspectivas, temos de ser nós a procurá-las todos os anos ou todos os dias. Temos de ser inovadores, encarar com optimismo as adversidades e saber tirar partido delas sem as habituais lamechices.
Olhar para alternativas como a Reabilitação Urbana, não como uma mera tendência residencial de repovoamento das cidades com gente mais nova e a inerente recuperação do parque habitacional e consequente valorização desse património, mas abordando essa área do imobiliário de uma forma mais integrada e sustentada, devendo os municípios tomar medidas que permitam enquadrar novos planos de ordenamento em que os espaços habitacionais, as zonas comerciais e de serviços interajam entre si e dessa forma se possam requalificar a vida no centro das cidades, esperando dessa forma compensar a diminuição da construção de edifícios novos.

Ano de Viragem.
Aguardamos que o ano de 2011 permita fazer da reabilitação um ponto de viragem, que não venha satisfazer apenas alguns aspectos de interesse tributário dos organismos estatais, mas que essencialmente seja uma oportunidade de relançamento da nossa economia, com a recuperação de milhares de postos de trabalho do sector imobiliário e dos sectores indirectamente ligados.
Esperamos que a reabilitação urbana se transforme em pontos de grande interesse para o investimento estrangeiro e que o legislador defina novas condições de revisão da lei do arrendamento urbano, como previsto para o princípio do próximo ano, em que sejam aligeirados os prazos para a concretização de uma acção de despejo ou haja o bom senso de aplicar regimes fiscais mais favoráveis e dessa forma colmatar o atraso que a reabilitação urbana tem tido, quando comparada com os outros países europeus.
Hoje podemos afirmar que avançámos muito no processo de simplificação dos actos de aquisição e registo, deixando de ser complexo comprar ou registar imóveis em Portugal, também se credibilizou a construção com a criação de documentos identificativos dos imóveis, onde vender gato por lebre se torna mais difícil e também evoluímos na formação dos agentes ligados á actividade imobiliária, profissionalizando o sector.

Novas Soluções.
Acreditamos que em 2011, surgirão novas soluções e perspectivas de desenvolvimento, que passarão inevitavelmente, pela concretização de novas estratégias, capazes de criar novas dinâmicas no sector, que possam afastar definitivamente o ambiente recessivo da construção e da mediação e que todas as empresas sejam elas franquiadas ou tradicionais, consigam plataformas de cooperação que lhes permitam operar de forma mais unilateral e concertada, sem a prepotência e a falta de ética do passado, respeitando os mais experientes e incentivando os inovadores, criando sinergias de funcionamento, que apertem cada vez mais a malha a todos aqueles que de uma forma dissimulada, desenvolvem actividades paralelas de forma clandestina, desprestigiando o imobiliário.
Esperamos todos que o ano de 2011 seja de viragem para a estabilidade do Mercado Imobiliário, pela extraordinária importância e estimulo que este sector representa para a nossa economia.


Fonte:
Jaime Ouro
Jaime Ouro Mediação Imobiliária

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